5.8.10

Chuva

"Ouço os estalidos da chuva no chão,
o tempo é feio antes que tudo aconteça,
foi num dia assim aque perdi Andressa,
deitada imóvel sobre um vão.

Andressa foi uma mulata amada,
vidrada por sexo e estrada,
viciada em velocidade,
nem parecia que tinha apenas 17 anos de idade.

Fugiu de casa para tentar a vida longe,
pensou em entrar no budismo e virar monge,
ser freira e tentar remediar seus pecados em bronze,
até tentou pegar o trem das onze.

E foi mesmo por volta das onze,
bateu seu carro num muro,
sentiu o quão ele é duro,
esfacelando seu crânio mulato.

O dia de chuva me lembra ela,
o quanto sinto a falta dela,
o que podia ser e agora já era.

Maldita chuva me fez o masculino de viúva."

jer.

4.8.10

simples

"Simplicidade nunca foi meu forte,
contei as vezes com a sorte de simplificar alguns fatos,
atos simples que tornaram complexos com o andar da carruagem,
o que era uma volta virou viagem.

o que seria uma frase,
virou um livro.
O que seria um petisco,
virou banquete.
O que seria quarto,
virou palacete.

Simples assim."

jer.

"Meu cabelo ao vento move meu mar de cachos"

"O negro do meu cabelo,
sente o sopro do vento,
move-se em só um movimento,
perde-se sobre minha cabeça ao relento.

Quando molhado é como cimento,
duro feito pedra.
Quando seco cheira que nem merda,
fétido como a morte.

Não sei o que é sorte,
se meu cabelo é bom ou ruim,
só sei que nasci assim,
infelizmente ele veio sobre mim.

Tarde da noite, eu o mergulho no perfume,
que cheira estrume.
Vindo do mais alto cume,
redundante, errante, itinerante cheiro ruim.

Só sei que nasci assim,
sentindo meu cabelo ao vento movendo meu mar.
Mar de cachos sem fim,
até o fedor acabar."

jer.

Sua mãe

" Sua mãe me deseja tanto,
que perdi meu amor por ti.

Parti para ter com ela encanto,
sair para ter com ela um encontro,
pedi para ela sentir o que tu sentias por mim.

Foi bom assim, só eu e ela."

jer.