30.3.10

Sábado

"Ao som de Ben Jor,
da chuva que cai,
da fumaça que sobe ao teto.

Leve e solta, a fumaça segue aos céus,
e sobe até o fim.

O fim seria um sexo a sós, ouvindo um som suave,
nosso sexo."

Jer.

Corpo

"Da boca, que leva ao queixo,
que leva ao pescoço,
que desce ao colo,
que rola ao mamilo,
que pousa na costela,
que desce até o umbigo
e se abriga no ventre,
que vê a sombra em pêlo e toca nos lábios vermelhos.

Da boca, o beijo, o seio, o sexo, o laço, o ato, entreato e fato.

Ilumina-se da sombra, do seio desnudo da safada,
que mostra seu corpo e perde o pudor para queimar a paz."

jer.

Envenenada sofredora

"Sofre maldita,
sente as moléculas do meu veneno enlatado.

Ruge de dor ou prazer se fores masoquista.

Sinta o que eu nem vejo, grite, faça alarde.

Te recolho mais tarde,
o infeliz!"

Obs: o poema acima descreve o assassinato de uma barata.

Jer.

Sobre a televisão, e não é Bordieu

"Os raios da TV me fazem ver suas cores na parede branca,
que colore rapidamente minha sala da loucura.

Que pintada por loucos, embelezaram-na com um charme urbano.

Poesias, desenhos, brincadeiras...são coloridos pela TV.
Que sobrepõe seu resquício de imagem na parede.
Que não mostra nada, além do resto."

jer.

Folha rasgada.

"Dessa folha rasgada eu vejo um poema.
Sem poder ter trêma devido a políticos burros.

Queria ter uma folha inteira para escrever mais de um poema.

Que cena amigo,
perdi no meu umbigo o mundo do rei."

jer.

Na roleta do Cassino.

"Me dá dó do dado dar tantos números em um só dia.
Doa há quem doer,
doar-se por uma só década é uma loucura.

De sorte a azar, a dicas, a farsa, ao luxo e a pobreza.

Dói ao dado dar sua dádiva.
Dar esperança.

Então da praia se vai ao pobre,
ao preto,
ao pré,
antes,
velho."

jer.

G U E R R A

"Um soco no chão, um risco no carro, uma arma nuclear...
Somos levados à guerra, o Estado alienado do nosso cérebro.
Massa cinzenta que pensa, repensa e age.

Sem dó nem perdão, justo, reto, direto.

Só obedece a si o corpo do aguerrido,
do coitado de arma em punho e cérebro queimado.

Levado por sua sociedade injusta aos campos de morte, terror e medo.
Sim! Sim... eles também sentiram medo.
Não viram o erro, só depois do estampido que estalou no ouvido e levou sua vida.

Aquilo nem era vida, mas se tornou morte."

Jer.

A branca.

"A mulher alva como talco,
no leite da vaca,
no cal da pedra,
na pedra lacônica.

O urro de prazer,
da dor ardida pelo sol.
Do ardor negro e, muito cego.

Cego de seus atos, sem solução."

Jer.

Ato sério.

"Bate o dente na glande,
o lábio no grelo e o dedo na nuca.

Vem cedo, vencendo, vem sim.

Bate agora ou depois de sair.

Mas bate.
Seco, soca, o sexo.
Até o fim."

Meu sonho é ser verdade.

"Quero ser aceita, reconhecida.
Quero ser um atleta no ponto de partida.
Quero estar nas bocas, ns livros e nos pensamentos.

No didático, estático e inerte.

Dir-se-ia quem fosse tão renegada como eu,
me arrependo de ser tinhosa,
quero ser bela, aceita e graciosa.

...Um tempo depois.

Hoje sou verdade, sou linda, loira e bela.
Estudei e cresci, mas minha cor é da farmácia,
para assim oxigenar meu cérebro."

Jer.

sem título até então.

"Uma lauda recebe letras,
que formam palavras,
que se tornam versos e que descrevem um fato.

Um fato que tornou-se um ato falho.
Que sem razão tornou-se morte.

Tem sorte quem tem razão,
que nem soube de tal fato.
Falho ou não, trouxe a morte para si.

Para eles só mais um, para outrem é mais algum,
Para mim não é nada, tenho a razão e não desejo o perdão.

Perdão divino queria o assassino, que matou um menino que nem sabia amar."

Jer.

Cassino.

"Sente o frio na praia,
que é banhada por estrelas e por um luar branco.
Branco que se confunde com a espuma do mar.
Vai e volta, vem e vai.

Segue seu ritmo de vida,
monótono e marcado.
O mar sofre, o ser sofre, o amado sofre.

Sofre o ser que chora por não ver sua amada,
que sob a luz da lua partiu ao sul."

Jer.

sem título.

"Sorve o sopro sobre o frio.
Sente o ar seco entrar no ser
e esfriar sua alma branca.

Branca como a neve que cai do céu e atinge o ser que congela.

Gela sua alma e seu coração.
Que sem ação sofre, de frio e de paixão."

Jer.

R.

"Roça o rato sobre a Rata afim de reiniciar um novo romance.
Restitui-se uma paixão roedora,
que entre risadas e roídas,
revelam uma relação romântica.

Estes roedores realmente sabem o que é o amor.

Eles roem, riem, rasgam, remetem, recebem,etc.
Tudo por um amor romano,
que ruge dentro de cada rato.

Eu? Só rio dos ratos.

Ass: O redator."

Jer.

pequenas loucuras

"tudo na vida tem seus pesares,
o pesar do sexo é a gravidez,
da droga o vício, da vida a morte?"

"flamba o fogo, que queima as freiras ao sol.
Um macaco se faz de malabarista e arrisca sua vida.
pardo.preto. perplexo."

"Não quero dormir e deixar só meu ócio,
eu quero um negócio que ainda não sei o que é."

"Quando durmo escuto o silêncio do sono,
viajo pelo meu sonho e vejo o que é o cosmos."

"O soco atinge a face,
que emite um estalido oco.
A raiva é expelida pelos punhos,
e este que soca não sabe que meia dúzia de socos
não mudarão nada."

Jer.

29.3.10

The roof.

"O giz tocou o quadro,
fez-se um quadrado que me deixou em transe.

Tentao pelo ato geométrico,
fez-se uma forma que a mim deixou frenético.

Ético, cético, é...

Era só um quadrado que me deixou paralisado."

Jer.

Menina mulher.

"Hoje ela ria, reluzia ao sol. Bela e intocável,
talvez apalpável que veio em minha direção.

Fiquei sem ação ao vê-la ali.
Só ri, só vi, só senti.

Tocou-me suavemente e beijo-me o lábio.

Agora descrevo meus alfarábios,
a mentira que um dia eu fiz."

Jer.

The woods.

"Visto meu xadrez e saio a procura de troncos.
O ronco da minha motoserra, serra e derruba um mastrodonte.
Chega ao horizonte a árvore derrubada.

Sangra sua seiva, que jorra e seca o sol.

Volto para casa e tiro meu xadrez,
queimada está minha tês do sol que saiu no dia."

Jer.

sem nome.

"Não se sabe ao certo o que era correto.
Discreto olhar ao luar. Surrou seu casaco e quis morrer.

Inflou-se de fumaça, e sentiu seus olhos vermelhos.

Sentiu saudade dela, lembrou de seu perfume e quis abraçá-la
por horas e horas.

Sem fim, assim...sem fim.

O luar

"O raiar da noite traz a escuridão.
Deixa negro o chão e sopra estrelas ao céu.

Brota a lua que chega lentamente, e deixando o breu cinza.
Sopra um vento, ao relento se leva até a manhã.

O que será do amanhã? O que terá amanhã?

O dia começa e se esquece de quem ontem foi noite,
que amanhã terá noite e assim segue o dia.

Ou segue a noite?"

Jer.

Porta copo.

"Pousa o copo cheio sobre o papel vazio,
preenche o espaço e deixa-o inerte.
Repete a ação uma porção de vezes,
reveza suas mãos que levam o copo a boca, e o copo ao porta copo.

Toca o vidro frio que derrama uma cascata de frieza, espuma e cerveja.

Ao fim retorna ao seu lugar,
o porta coo a esperar mais uns goles sem fim."

Jer.

Gemias na cama

"Gemias sobre mim, e eu sobre seu seio,
lhe digo sem receios que te quis e que te quero.
Espero que sinta, que sofra de amores,
que não sinta dores devido a tanto prazer.

Desço sobre teu colo, te agarro sob a noite.
Começa um açoite em meio de brigas,berros e beijos.

Te quero, te quis e ao teu lado sou feliz.

Repito meu ato e fazes de mim gato-e-sapato.
Surrei meu retrato e quebrei minha mão,
se houver um senão eu me deixo em mãos alheias.

Receias, rodeias e aceitas.

Gemias sobre mim, ao nosso calor, ao nosso fervor de uma noite de amor.

Jer.

O último Adeus.

"O papel branco descreve tal fato.
Num momento de loucura, enfartei-me de veneno de rato.
Sou passado, sou só, serei o adeus.

Lembro de meus amigos, da minha família, de meus amores,
de minhas paixões, dos meus possíveis amores, do horrores,
de quase tudo.

Vou para longe, para o nada, para o esquecimento.
Serei enclausurado num chão com cimento. Serei sufocado,
guardado, apagado.

Serei corroído, as vezes relembrado, mas nunca mais visto.

Visto esse papel com palavras de adeus, de até logo,
de não volto mais.

Lhes deixo minhas lembranças, minhas memórias,
meus poemas, meu adeus.

Visto meu manto de frieza e com destreza me apago,
me introspecto num sono sem fim.

Adeus, Jer.

Uma nova versão, para uma velha canção...

"Caminhando e cantando e seguindo a canção,
não somos todos iguais, somos filhos da destruição.
Reféns da negação, da extração, da poluição.

Não temos ação, paixão, emoção.
Reféns, cheio de poréns, de medo e de repulsa.
Que pulsa dentro de nós e é expelido aos berros.

Gritos, ritos, tiros, estalidos secos sobre essa multidão.

Escolas, ruas, praças, tomados por um conformismo.
Uma burrice sem fim, um capitalismo nojento,
que arrebenta as classes, as criaças e o credo.

Quem crê é discrente de todos. Quem crê,
cria uma redoma de vidro ilusória,que corrói a sociedade
e nos faz assim.

Seja o que for, venha e seja assim mesmo.
Somos filhos do conformismo, filhos do capitalismo, orfãos da fé.

Jer.

19.3.10

Cindyra do Agreste

"Em vistas de uma heroína,
Aquele povo jamais vira uma menina tão bela.
Munia com bravura sua beleza,
Encantava seus oponentes, que ao calor deslumbravam-se por tal dádiva.
Cindyra era o nome dela. Nela só brotavam iras que iam de encontro ao ódio e buscavam paz na guerra.
E suja de terra, brotava Cindyra; sem um estilhaço, com todos os pedaços de sua beleza mortífera.

Foi assim que ela ficou conhecida,
Cindyra, heroína nunca vencida, que ao fim de sua vida, seguiu só,
Sem que ninguém soubesse a quem ela aflorava sua beleza.
Tristeza, bonita a Tristeza que tomou-a calada, sofrida e pouco a pouco sem vida.

Talvez fora o calor, mas nunca foi visto seus olhos sem chamas,
Que emanavam seu ódio e queimavam o coração
Que de tanta emoção não suportou tal paixão.

Paixão que a tomou por inteiro e sem dinheiro sofreu por amar.

Ama quem sofre e sofre quem nunca foi amado. Pobre Cindyra caiu na mira de uma ira apaixonada."

Jer.

"E vento levou..."

“E o vento levou...”

E o vento levou meus pensamentos,
consentidos por verdades nuas,
suas e nunca minhas.

Levou minhas idéias, meu raciocínio,
Domínio pelo amor dela.
Só ela não sabia disso, e nem saberá.

Não há mais nada, o vento só com uma rajada,
Deixou-me em branco.
Me trouxe o espanto, sobre um manto negro de paixões.

E o vento levou... a vida dela, a minha e quem sabe de mais alguém.
Levou para o bem, para além...
para ninguém mais ouvir falar de nós.

Jer.