12.4.11

la vie.

" somente algumas palavras separam eu d'ela.
alguns indícios sonoros de que estamos conversando,
estamos flertando,
estamos juntos.

eu tocava e ali se reproduzia tudo que eu falava,
toque por toque,
tecla por tecla.

Por que ficar junto se podemos amar por uma tela.

Acho que é mentira, mas um dia vira."

jer.

5.4.11

Que volta

"Maldito garçom,
que não vê a hora de sair do batente,
esquecer parentes
e viver sozinho.

Serve no seu ofício,
mas não quer ser servo da sua vida.
Sente que servir só serve para os outros.

Pagam por seu serviço,
com míseros 10%,
mais um salário sofrido.

Quando for rico,
vai mandar servir,
não chope ou parmegiana,
sexo. Só sexo."

jer.

O mesmo cara

"Todo dia eu via o mesmo cara,
na mesma esquina,
sempre correndo no mesmo horário,
e eu no mesmo bar.
Parado,
pensando,
comendo,
farto.

O homem careca,
corre,
segue correndo,
sempre longe do seu horário.
Sem pensar em nada, além do seu atraso.

Funcionário público querendo lustrar seu vaso.
Bebendo dos copos públicos,
mamando nas tetas do governo.

Sérgio era seu nome,
perfeccionista,
perfeito,
pífio.

Pobre careca,
sofreu de velho,
morreu sem nada."

jer.