24.4.10

C

"Cara de careta,
cara de cu,
cara de cobra,
caracu.

Açou a suíça,
sem salsa ou
sal.
Salientou seu ser,
sobre aquela serena.

Ser só,
sempre que fui,
ser."

23.4.10

Aspiraçõesempalavras

"O vulgo impetuoso saiu em disparada,
correu por uma longa estrada,
atrás daquela mulher.
Urrou, berrou...surrou seu chapéu,
pela raiva que causou Raquel.

Aquela morena sem regras,
ou dogmas,
aquela mestiça que enfeiticou tantos homens,
fugiu de seu preferido,
para não querer um marido,
assim... muito querido por todos.

Aquela dor sobre seus ossos,
seus mergulhos em olhos sem poços,
cheios de poças de lágrimas,
cheios de vida.

Sofreu tanto que morreu de desgosto,
morreu no esgoto,
em agosto.
A chuva surrou seu rosto,
rastejando pelas pencas de rios.
Nadou tanto que sentiu seus ossos queimarem,
seus pés incharem,
sua vida acabar.

Sem mais nem menos,
nem muito ou pouco,
nem sim ou não,
mas o talvez também é certo.
Ela se foi,
não sei se pra sempre,
mas foi-sempre."

15.4.10

revolta

"A revolta me leva a fúria,
pernúria de felicidade,
enraivecido por tal intranquilidade,
revoltado com tudo e todos.

Quero cortar as árvores,
jogar pedras nos passaros,
metralhar pessoas,
cuspir em crianças,
queimar o que resta de belo, de novo.

Quero explodir monumentos históricos,
quero matar padres e políticos.
Quero tornar esta cidade num circo.
Quero que isto se torne o inferno.

Não desejo encontrar a felicidade,
não pretendo ser feliz,
não me importo com o que os outros pensam.
Sou eu, só eu, eu.

Quero pegar cada espécie de animal em extinção,
levá-los para uma mansão e envenená-los.
Vê-los todos mortos pela última vez,
ver cada um ali deitado, parado, podre.

Quero chegar em cada rio, cada lagoa, cada estuário,
enche-los de pilhas, de baterias,
para que sua água seja poluída,
que nunca mais possam bebê-la.
Que morram de sede.

Quero que tu acabe,
quero que não sobre mais nada,
quero o nada, destruo tudo,
para ter o nada."

jer.

Não sei

"Não vejo teus olhos no espelho,
não vejo teus dentes na tua boca,
não sei o que tens na tua cabeça,
se ela é oca, ou se és louca mesmo.

Me retiro a esmo,
querendo te reencontrar,
ver denovo teu cenho,
teu seio,
teu ser.

Te encontro naquela esquina,
moldada a luz de mercúrio,
me vendo e já pensando em murmúrios,
querendo sussurrar-me algo de longe.

Perguntei qual era seu preço,
se hoje eu a mereço,
se ela estava afim de mim.
Disse que sim e saímos em partida.

Cheguei na sua casa,
cheia de bitucas e gatos,
tirei meus sapatos e em sua cama me atirei.
Sonhei.

Acordei e ela já estava ali nua,
me dizendo:" Sou sua!"
Foi então que chorei.
"-Não te desejo, só quero tua presença,
como forma de recompensa de um amor que nunca tive!"

Jer.

...

"Meu cigarro é meu passatempo,
nele eu desenho com a fumaça no vento.
Que deixada ao céu sobe sem tempo.
Desaparece como se fosse nada.

Não sei pra onde ele vai,
nem como, nem onde,
nem aonde.
Não sou rei, tampouco conde,
mas com meu cigarrinho sou príncipe,
sou imperador.

Meu cigarro cura qualquer dor.
A dor da solidão,
o pesar de uma paixão,
o ouvir o não,
ou também o sim.

O cigarro pra mim é um amigo.
Um ser imaginário que me acompanha quase sempre.
Por que tem horas que não dá pra fumar,
não se pode fumar,
e não dá pra negar que fumar as vezes enjoa.

Mas depois o enjoo se distoa,
e eu fumo e fumo e fumo e fumo...

Fumo até acabar o maço,
então corro pra abraço de uma tabacaria."

jer.

14.4.10

Me.mim.comigo.

"Me lembro de uma menina,
me ligou as 3 da matina,
me querendo sem dogmas e/ou doutrina,
me falando sobre ventos e ventanias,
me contando sobre naus e captanias,
me iludindo que ela era tudo que eu queria,
me fazendo acreditar que era ela a escolhida.
Me revoltando ao ponto de agredi-la.
Me enfurecendo e voando em seu lindo pescoço.
Me deixando feliz ao quebrá-lo.
Me alegrando ao olhá-lo estático.
Me deixando contente a te ver no chão caída.
Me confundindo ao pensar em mais de uma saída.

Milhares de pensamentos voaram ao fazer aquele ato,
não pensei, não quis pensar e nem passou pela minha cabeça pensar depois.
Só fiz,
só foi,
e só fiquei."

jer.

jer.

Meu

"O poema é meu,
eu que escolho como ele será,
não terá o que queres,
nem será como quiseres.

O poema será simples,
sem muita frescura ou rodeios,
não terá meios, tampouco fins.
Será de um jeito anormal.

O poema não será igual aos que se vê por aí,
não terá seus dedos, seus toques, você.
O poema é meu,
eu imponho o que lerás,
não precisará de aguarrás para ler diluído.

O poema será puído,
será velho, gasto.
Chegará a um estado de semi-putrefação.

Não terá refação,
nem também nova cópia.

Será único, será lúdico, será meu."

jer.

12.4.10

exemplo

"Exemplo
palavra que tenta mostrar o que é parecido.
Não nascido da mesma mãe ou do mesmo pai.
Mas quase uma cópia.

Um irmão gêmeo desgarrado e descrente.
Nasce mais um indigente que parece-se com alguém ou algo.
Fidalgo de uma classe abastada,
o exemplo vai em debandada mostrar para o que veio,
e para onde vai.

O exemplo tentou ser o que é, mas não foi e nem será."

jer.

sem título

"Um pedaço de madeira pinta o que eu quero que seja pintado.
Passa por páginas e páginas e toca seu negro pincel.
Parte pelas laudas e forma desenhos negros.
Cheios erros, berros, desespero.

Joga sobre a folha toda uma raiva reprimida,
uma dor que já foi sofrida,
uma derrota que, sem sombra de dúvidas, foi perdida.
Preenche toda a parte alva,
preenche com toda calma,
com toda ira.

O pintor, o poeta, o escritor....todos tinham um lápis em suas mãos,
e jorravam suas frustações, emoções,divagações.
Nem sempre foram compreendidos,
acometidos por querer transmitir,
por querer distribuir tudo o que lhes foi dado."

jer.

Sopro

"Pequena porção de ar quente,
que me deixa corado e excitado.
Ao pé do pescoço,
as costas das mãos,
Sussuram-se nãos, mas que querem ser sim.

Ela vem até mim,
dá-me seus lábios,
seu corpo,
seu olhar.

Fui hipnotizado por um sopro,
por um beijo,
por ela."


jer.

Desabafo

"A zona sul tem um ar de cidade pequena,
cheia de ruas minúsculas que serpenteiam o bairro.
Todos se conhecem, todos se cumprimentam, nem parece uma Porto Alegre.
Que tem violência, caos e medo.

Todos se enfrentam, se arrebentam uns aos outros,
não há um companheirismo pacífico, recíproco.
É sempre aquela disputa de quem pode mais,
que corre mais, que se arrisca mais.

Todos ficam nessa tentativa de destruição individual,
que por erros pode se tornar coletiva.

Por isso mesmo que eu moro na zona sul,
na zona da calmaria,
na zona longe,
zona longínqua.

Esse é só um desabafo de um morador do caos e inconformado."

jer.

não pensei no título

"Os poetas escrevem poesias,
as putas prostituem-se.
As poesias são enviadas para as putas e estas ficam felizes por tal lisonjeio.
Elas esperam grosserias e horas de tédio.
Miram o teto de seu prédio, pois o homem sobre elas não dá nem conta.

Tonta depois de tanto uísque. Ele paga e segue seu rumo.
Ela busca prumo pensando naquela poeta.
Que lhe deu o poema, lhe deu palavras de amor, sem tocar ela.

Ela só pensa nele, reflete sobre ele e sabe que está apaixonada.
A paixão de uma puta por um poeta.
A paixão de um poeta por sua musa que é puta.

Ela reluta em dizer-lhe, mas ele luta para que ela diga.
Para que dali surja alguma paixão, alguma emoção que não seja o sexo frígido prostituído.
Deitam-se sem nenhum ruído e ficam estáticos.
Inertes sobre sua cama.
A cama de vários homens.
A cama de vários poetas.
A cama que por dinheiro é sua por alguns instantes.

Até que surge o beijo.
O desejo dela pelo poeta se mostra.
Agora ela sabe que gosta.
Ele aprende de como ela gosta.

Mas ele sai mais tarde, deixa seu dinheiro sem alarde,
e ali acaba o poema."

Jer.

T.

"Tentativas de traumas mal sucedidos,
trouxeram marcas para aquela Teresa.
Tentou tirar seu tímpano e trouxe para si o trauma da surdez.

Cortou sua tês três vezes para ver se era mesmo de carne e sangue.
Três tentativas que trouxeram mais traumas.
Três alternativas de resolver tal dúvida.
Três formas de esclarecer seu trâmite.

Teresa tentou com certeza acabar com seu corpo,
torneado e tenro,
fez-se traumático e tentador.

Teresa era uma mulher de tirar o fôlego,
hoje retira seus pontos afim de um novo tormento."

jer.

sem título

"A semana começa com ares de tristeza,
com destreza se acorda e vai para a rotina.
Vai para seu ponto, pega o seu ônibus e segue tonto de sono.
Domina seu caminho com ares sonolentos...
Sopram os ventos e segue seu caminho.

Chegando a sua parada, para e pensa:
"Fumarei um cigarrinho e seguirei..."
Fumo,penso,repenso,matuto,discuto comigo mesmo.

Mais um dia da semana,mais 24 horas para vida, mais e mais e mais e mais..."

jer.

10.4.10

Minha cama

"Maldito céu azul que me tirou da cama,
o sol ardendo em chamas me tirou o sono.
Caí do meu trono, e saí do meu reino."

jer.



“A volta de hoje.”

"Abro a janela para sentir
O cheiro da poluição,
Dos carros, das motos, da lotação...
De gente que abarrota o chão.

Loucura caótica sem freio ou parada.
Eis que surge uma estrada.
Nela se para, pensa e volta.

Repensa e se conforma,
Arranja uma forma para menos sofrer.
Disse que quis morrer,
Mas sorriu dois minutos depois.

Sem pois, para, talvez...

Era uma vez uma mundo normal como o de hoje. "

Jer.

1.4.10

Nota fiscal.

"Volto ao meu papel de poeta.
Sem medo ou pesar,
transmito tais palavras ao papel.
Sem um véu de préconceitos,
feitos para alienar alguns crânios.

Gerânios florecem, as pessoas crescem e eu sigo em frente,
rente a loucura de ser um "talvez" poeta."

jer.